A morte do motoboy Briner de César Bitencourt, de 23 anos, completa dois anos nesta quinta-feira (10). Nesse período, a investigação sobre o caso não teve conclusão e a família ainda busca por justiça e responsabilização pela omissão de socorro ao jovem. Preso injustamente por um ano, o jovem morreu na madrugada do dia 10 de outubro de 2022 após passar mal dentro da Casa de Prisão Provisória (CPP) de Palmas.
Ele foi inocentado da acusação que o levou para a prisão dois dias antes, mas o alvará de soltura, por atraso do Judiciário, só saiu no dia em que ele perdeu a vida. A morte de Briner ganhou repercussão nacional por ele ter passado um ano preso e ser inocentado apenas quando já estava em péssimas condições de saúde dentro da unidade prisional.
O Ministério Público Estadual foi questionado sobre a situação e não deu posicionamento até a publicação desta reportagem. Sobre o inquérito sem conclusão, a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins (SSP) informou, em nota, que o caso continua em andamento devido à complexidade da situação.
Passados dois anos e após a ‘poeira baixar’, quem lida diariamente com a dor e a necessidade de ter que seguir em frente é a família de Briner. Élida Pereira da Cruz Dutra, mãe de Briner, conversou e relatou como têm sido esse período sem o filho. Também falou sobre o quanto é dolorosa a espera da conclusão do inquérito policial e de ter que ver o arquivamento de sindicância contra os servidores que trabalhavam no presídio e que, segundo ela, não prestaram socorro ao filho enquanto ele passava mal.
O jovem morreu em decorrência de problemas pumonares – tromboembolismo pulmonar, infarto pulmonar, Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) e pneumonia bacteriana. Mesmo tendo a consciência de não deu tempo de provar a inocência de Briner antes de sua morte, Élida acreditava que o filho poderia ter uma vida normal após sair da prisão, mesmo considerando esta uma experiência traumática. “Depois de passar um tempo lá ninguém sai tão bem, mas ia seguir a vida dele. Trabalhar, seguir a vida dele, ter os sonhos dele. Ele tinha sonho de montar uma loja. E aí eu fico pensando que não tivemos nada disso, né? Por quê que essa maldade é tão grande no ser humano?”, refletiu, já que acredita que o filho morreu sem nenhum apoio dos servidores da unidade.
Em abril de 2023, a Secretaria de Cidadania e Justiça (Seciju) arquivou a investigação sobre as circunstâncias da morte do motoboy, já que não identificou nenhum indício de infração disciplinar ou ilícito penal, conforme dispõe o Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do Tocantins. Para enfrentar os dias sem a presença de Briner, Élida disse faz tratamento psicológico. Mas a dor de perder um filho vai acompanhá-la ‘até o último suspiro’, conforme expressou ao falar do luto sem fim. No dia em que completa dois anos da morte do filho, Élida e a família devem visitar o túmulo de Briner nesta quinta-feira.