O objetivo da campanha é aumentar a visibilidade e o debate sobre as DIIs
Diarreia crônica, cólica abdominal, perda de sangue nas fezes e emagrecimento são alguns dos sintomas relacionados às doenças inflamatórias intestinais (DIIs). Nos últimos anos, houve um aumento da prevalência e incidência dessas doenças na população brasileira, sendo as mais comuns a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) aderiu à campanha Maio Roxo, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento das DIIs, para melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Para sensibilizar a sociedade foi criado o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal, celebrado no dia 19 de maio.
Segundo a médica coloproctologista do Hospital Geral de Palmas (HGP), Vitória Oliveira, “as causas das doenças inflamatórias intestinais ainda são desconhecidas, mas sabemos que elas são multifatoriais. Acredita-se que estejam relacionadas a fatores genéticos, imunológicos, ambientais, alimentação, alteração da flora intestinal, entre outros. É importante ficar atento a alguns sintomas como diarreia crônica com presença sangue e muco ou pus, com períodos de melhora e piora, associadas a cólicas abdominais, urgência evacuatória, falta de apetite, fadiga e emagrecimento”.
A especialista ressaltou que, “como se trata de uma doença autoimune, é importante ter o diagnóstico precoce, procurar um médico em caso de suspeita de infecção intestinal, para que ele possa fazer o diagnóstico correto e prescrever o tratamento adequado. O tratamento precoce permite a resposta e a remissão clínica, ou seja, faz com que o paciente controle o processo inflamatório e a doença”.
Doença de Crohn
A gastropediatra do ambulatório infantil do HGP, Sofia Jácomo, explica sobre a doença. “A Doença de Crohn é uma condição inflamatória crônica que pode afetar qualquer parte do sistema digestivo, da boca ao ânus. Em crianças, é mais comum que a inflamação atinja o intestino grosso, conhecido como cólon. Nos últimos anos, os casos pediátricos da doença têm aumentado de forma preocupante. E quando ela surge ainda na infância, pode trazer consequências importantes como prejuízos na nutrição, atraso no crescimento, dificuldades no desenvolvimento e até impactos na saúde emocional da criança”.
“Dor abdominal frequente, perda de peso, diarreia persistente, atraso no crescimento e lesões na região anal são sintomas que merecem atenção e avaliação de um gastropediatra. Com o diagnóstico certo e tratamento adequado, é possível controlar a doença e oferecer mais qualidade de vida para a criança”, acrescentou a especialista.
Daniela de Assis Andrade acompanha o tratamento da da filha, no ambulatório infantil do HGP e relata os desafios. “Minha filha Alice, de 8 anos, faz acompanhamento no HGP, há aproximadamente um ano e meio. Ela passou por inúmeros exames, como ressonância, colonoscopia, endoscopia, raio-x, até chegarmos ao diagnóstico. Graças a Deus nunca tivemos dificuldades em fazer os exames, somos muito bem assistidos no HGP. Hoje ela faz acompanhamento com a gastropediatra Sofia, com a nutricionista Camila e com a reumatologista Nubia”.
“O tratamento e o acompanhamento da Alice é fundamental para que a gente possa estar acompanhando o desenvolvimento das medicações, porque é uma doença que maltrata muito a criança. Hoje a Alice não consome nada que tem glúten, nada que tem soja e nenhuma gordura animal. As únicas carnes que ela pode é peito de frango e filé de tilápia e nada de industrializados. Então tudo dela é super natural, feito na hora. Tivemos o apoio da nutricionista que me ajudou com dicas e receitas”, complementou a mãe.
Retocolite Ulcerativa
Também conhecida por colite ulcerativa é uma doença crônica que atinge principalmente o intestino grosso. Os sintomas podem incluir dor abdominal, urgência evacuatória, diarreia e sangue nas fezes. Acomete, principalmente, adolescentes e adultos jovens, podendo também atingir pessoas de outras faixas etárias. Infelizmente ainda não foi descoberta uma cura definitiva para a doença, mas é possível garantir a qualidade de vida dos pacientes com o tratamento adequado, o qual é efetivo para manter a inflamação sob controle. Vale ressaltar, ainda, que a retocolite ulcerativa é diferente da doença de Crohn. Enquanto a retocolite afeta apenas o intestino grosso, poupando o intestino delgado, a doença de Crohn pode afetar qualquer área do trato gastrointestinal, ou seja, pode estar presente no intestino delgado, podendo intercalar áreas doentes e sadias.
Há diversos tipos de tratamentos disponíveis, o objetivo dos tratamentos é reduzir ou controlar a inflamação na parede do intestino grosso, podendo inclusive levar à remissão da doença. Nos casos em que a remissão não é possível, o tratamento realizado com o gastroenterologista e o coloproctologista, ainda assim, pode reduzir significativamente o impacto da doença e garantir qualidade de vida ao paciente.