Em uma programação que uniu cultura, educação e valorização das tradições indígenas, o Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Educação, lançou nesta terça-feira, 20, o Programa de Fortalecimento da Educação Indígena (Profe Indígena).
O programa tem como objetivo fortalecer e oferecer um ensino de qualidade para as oito etnias do estado: Karajá, Xambioá, Javaé, Xerente, Krahô, Krahô Kanela, Apinajé e Avá-Canoeiro. O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, ressaltou a necessidade de ter indígenas em locais de liderança. “Nosso desejo é ver os povos indígenas cada dia mais qualificados. Temos que aproveitar os talentos indígenas. São eles que conhecem a própria cultura, a língua e a vivência. Esse programa é justamente para fortalecer a educação nas comunidades indígenas”, completou.
O secretário da Educação, Fábio Vaz, reforçou que o Governo do Tocantins está tendo um olhar especial para os povos indígenas. “Esse programa é um avanço, um compromisso que nós estamos firmando com as comunidades tradicionais do Tocantins. Estamos trabalhando muito, já fizemos muito, mas hoje iniciamos uma nova etapa”, pontuou.
Novas diretrizes e políticas educacionais Durante o evento, foram apresentadas as diretrizes da nova política estadual de educação escolar indígena, que inclui alfabetização bilíngue, monitoramento e acompanhamento das escolas indígenas, processos seletivos específicos para professores e diretores, material escolar para os estudantes, além da construção de uma lista de obras prioritárias a serem realizadas nas unidades escolares.
Como forma de estar ainda mais próximos dos indígenas, também foi anunciado o “F@la Indígena”, um canal que permitirá que as comunidades enviem sugestões, elogios e denúncias diretamente para a Diretoria de Educação dos Povos Originários.
A superintendente de Políticas Educacionais da Seduc, Márcia Brasileiro, destacou que com a implementação do Profe Indígena será possível construir ações cada vez mais focadas nas necessidades de cada etnia. “Com essas ações, estamos propondo uma educação integral de fato. Vamos observar todas as dimensões desses estudantes para que possamos atender às especificidades dos nossos estudantes indígenas”, concluiu.
Representação indígena
O diretor de Educação dos Povos Originários da Seduc, Amaré Gonçalves Brito, reforçou que a diretoria é composta majoritariamente por indígenas. “Nós temos cinco etnias representadas na nossa diretoria e estamos sempre em contato com o nosso povo. Essa representatividade faz toda a diferença na construção de políticas públicas voltadas para a educação escolar dos povos indígenas”, destacou.
A professora e técnica de currículo da Educação Indígena da Superintendência Regional de Educação de Pedro Afonso, Tais Pocuhto Krahô Silva, comenta que é gratificante a ideia de um programa que visa à melhoria da educação indígena. “Esse trabalho que o governo do estado está desenvolvendo aqui é histórico. A participação, a presença dos indígenas, dos professores indígenas, essa questão de valorização e inclusão fortalece muito a nossa cultura”, frisou.
Para o professor Wagner Katamy Krahô Kanela, o lançamento do Profe Indígena vai fortalecer a educação indígena no estado. “Novas construções dentro das aldeias, criação das escolas indígenas juridicamente, extensões. Vai valorizar também, de certa forma, a cultura indígena, a revitalização e a valorização, porque dentro das escolas indígenas também é trabalhada a língua indígena, saberes indígenas e cosmologia”, disse.
Para o estudante da Escola Estadual Indígena Metuwajè, Railton Cohtetet Krahô, de 16 anos, o sentimento é de visibilidade para o seu povo. “Essa atenção que o Governo do Tocantins está nos dando é muito importante, lembrar de nós, estudantes indígenas, e trazer tantas melhorias para a nossa educação”, pontuou.
A professora Samanta Maluadidi Javaé relata que é muito importante esse momento, que coloca as etnias indígenas do Tocantins em evidência. “Demonstrar a nossa cultura, a nossa forma de cantar, a nossa forma de viver, a nossa identidade é muito importante, porque muitos não conhecem. Esse momento está sendo muito especial para levar tudo isso à aldeia e dividir todas essas melhorias com nossos estudantes. Eu, como professora, fico muito feliz com essa atenção ao nosso povo”, concluiu.
Entrega de escolas indígenas em Tocantinópolis Além do lançamento do programa, também foi entregue o certificado de conclusão da reforma de duas escolas indígenas na regional de Tocantinópolis, a Escola Estadual Indígena Pepkro e a Escola Estadual Indígena Tamkak, para o povo Apinajé. As duas receberam investimentos de mais de R$ 1 milhão da gestão estadual.
Educação indígena no Tocantins A educação indígena no Tocantins está presente em seis das 13 Superintendências Regionais de Educação (SREs): Gurupi, Pedro Afonso, Miracema, Paraíso do Tocantins, Tocantinópolis e Araguaína; e abrange 96 escolas e 38 extensões, com 6.329 estudantes e 635 professores, que atendem as oito etnias do estado.